A Onda de Conservadorismo Feminino
Como nossas aliadas estão nos apunhalando pelas costas?
Hoje de manhã, finalmente consegui parar para fazer uma das minhas atividades favoritas: ler os artigos que salvei aqui, no Substack, enquanto tomo café. No meio deles, encontrei um que falava sobre o “soft porn” na visão da autora.
Enquanto lia, me deparei com uma visão bem conservadora, a qual me incomodou o suficiente para eu fechar o artigo e pular para o próximo, mas dei de cara com uma carta “reverso” do uno. Uma fala em especial me irritou bastante: “Mulheres que nascem com o apetite sexual aflorado, ou então que se moldam para tal, são favorecidas no meio masculino”. Essa fala, não exatamente com essas palavras, me deixou enjoada. Até enojada.
Ao decorrer dos artigos, elas comentaram sobre quando os meninos começam a se descobrir. “Eles se masturbam o dia inteiro quanto consomem pornografia sem limites, enquanto nós, garotas, começamos a ‘consumir’ umas as outras”; agora vamos sentar e olhar para cada uma de nós, mulheres/garotas, aos 11 anos de idade. Você vai falar pra mim, na cara de pau, que éramos totalmente recatadas e não tínhamos nenhum tipo de impulso para descobrir tal “coisas” tanto quando eles nessa idade?
A única diferença é que nunca fomos incentivadas a isso ou, se quer, demonstramos isso.
Não! Muito pelo contrário. Aprendemos desde cedo a mentir e fingir que prazer suxual, fosse sozinha ou não, não era coisa para garotas. Não podíamos falar umas com as outras, não podíamos deixar transparecer que sabíamos sobre isso, não podíamos cogitar achar que isso era normal. Porque, aos 11 anos de idade, você ainda não tem noção do seu corpo, de hormônios, de tendências sexuais, ou qualquer coisa do tipo! Se você, ela ou qualquer uma menina fugiu da curva e não passou pela “fase de se autoconhecer” isso não faz as outras terem “nascido com uma apetite sexual aflorado”. E muito menos nos faz “favorecidas na visão masculida”.
Talvez ninguém decente tenha dito isso antes mas, lá vai em: Nenhuma mulher é favorecida na visão masculina.
Mulheres são assediadas, estupradas, mortas. Desde pequenas, eles nos veem como pedaços de carne. Seja um bebê, seja uma senhora com mais de 50 anos. Não importa se você quer ou não. Nada que você faça vai mudar a visão deles sobre nós. Ou seja, favorecidas? Jura?
Eu não sei em qual momento exato algumas mulheres, nossas irmãs, nos viraram as costas e começaram a se comportar como se estivéssemos nos anos 50. Julgando quem não segue uma “linha” de acanhamento sexual, como se fossemos bichos no cio. Como se isso, a existencia do interesse sexual, nos fizesse menos dígna de irmandade feminina.
Eu, e muitas aqui presentes, nasci nos anos 2000. No meio da era “messy girl”. Abraçamos o feminismo e todo o caos e tentativa de liberdade que vinham com ele, para agora, mais de 20 anos depois, nos depararmos com a crescente de conservadorismo chamada “tradwife”.
Vocês, garotas que não sabem lidar com a própria sexualidade ou com a sexualidade alheia, devem tomar vergonha na cara (sim, vergonha na cara, minhas amigas) e parar de serem âncoras da libertadade que tanto almejamos. Essa onda de conservadorismo feminino não esta servindo para nada além de acabar com cada direito que adquirimos.
Por agora são só palavras e opiniões. “Eu acho que… mulheres não podem escolher vender seu próprio corpo; as mulheres não podem escolher transar sem compromisso; as mulheres não podem escolher não ter filhos; as mulheres não podem não querer casar; As mulheres não podem….
Não podem…
Não podem…
Não podem…”
Vocês esquecem que também são mulheres. E, uma hora, querida amiga, esse rojão que você está mirando na nossa cara, também virará para a sua.